Friday, October 2, 2015

Preços continuam a Subir em Angola

O Governo admite que a situação se vai manter até 2016 e pede contenção nas despesas.

Os economistas admitem que a subida era inevitável.

Grande parte dos produtos alimentares subiu entre Junho e Setembro. O dólar também segue a tendência de subida.

No mercado informal, a nota de 100 dólares já atingiu os 28 mil kwanzas contra os 18 mil kwanzas de Junho.

O economista Filomeno Viera Lopes entende que não é surpresa que os preços estejam a subir a uma magnitude que chegue até aos 50 por cento, acrescentado que “era inevitável uma subida generalizada dos preços”.

O elevado custo das taxas aduaneiras e a perturbação que tem gerado a escassez de divisas são, entre outros factores, apontados pelo economista, como razões que justificam o actual cenário de carência.

A posição é defendida também por Ibrahim Mussa, comerciante grossista: “Nós importamos tudo que vendemos aqui e para tal compramos o dólar muito caro. Todos os dias o dólar sobe”.

Galvão Branco, analista para assuntos macroeconómicos, entende que se está a conviver com um défice de moeda externa.

“As importações estão a ser feitas com recurso ao mercado informal de moeda externa. É uma situação que não é normal, é atípica, que tem que ver com a nossa excessiva dependência da importação.”

Com o kwanza a perder peso e com os preços a dispararem, a vida ficou mais cara. “Havendo contenção salarial, ou seja, mantendo-se o salário nominal, o certo é que esta subida provoca um agravamento negativo no poder de compra das populações”, admite Filomeno Vieira Lopes.

O salário médio do angolano calculado pelo Centro de Investigação da Universidade Católica ( CEIC) é pouco mais de 35 mil kwanzas (hoje, ao câmbio do mercado informal, pouco mais de 100 dólares).


Restrições também prejudicaram

Este ano, o Governo decretou a redução de importações de 14 produtos que passariam a ser feitas com base em quotas e por importadores licenciados.

Na lista, constam bens essenciais como óleo, farinha, arroz ou açúcar. Nas bebidas não se pode comprar mais do que 950 mil hectolitros ao estrangeiro.

Nos ovos, o limite é de 156 milhões de unidades e nos hortofrutícolas o máximo são 184.500 toneladas.

A medida é vista por especialistas como tendo “efeitos perversos”.

Governo pede contenção

Os especialistas prevêem que a tendência é a divisa ficar ainda mais cara. O secretário do Estado do Orçamento, Alcides Safeca, alertou que o cenário actual poderá se estender até ao próximo ano.

Nas 11.ª jornadas da Função Pública que decorreram esta semana, em Luanda, o governante chamou atenção aos gestores públicos a racionalizar e introduzir correções na forma como são feitas as despesas.

O próprio Instituto Nacional de Estatística, no seu último estudo, revelou que o aumento dos preços em Angola, até Junho, já tinha ultrapassado a meta definida pelo Governo para todo o ano de 2015.

Variação de preços de Junho/Setembro

A realidade acontece mais no mercado informal, nas 18 províncias, havendo poucas mexidas nas grandes superfícies como o Kero, Maxi, Shoprite 
e Nosso Super.

Preços Actuais

Caixa de frango 1.250 Kz 4. 000 Kz

Saco de arroz 25 kg 2. 500 Kz 3800 Kz

Caixa de óleo alimentar 2.500 Kz 3500 Kz

Caixa de óleo alimentar 2.500 Kz 3500 Kz

Saco de feijão de 50 kg 5.000 Kz 1.4000 Kz

Fuba de milho 25 kg 3.500 Kz 3.700 Kz

Caixa de ovos 7.500 Kz 14.000 Kz

Lata de leite Nido 2.600 Kz 3.200 Kz

Caixa de massa alimentar 1.950 Kz 2.000 Kz


Jornal Nova Gazeta

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